Uma campanha para travar a “crise da infância”

A organização não lucrativa britânica “The Children’s Media Foundation” (CMF), que há vários anos une esforços para conseguir conteúdos mediáticos em maior número e mais diversificados para as crianças no Reino Unido, lançou recentemente a campanha “Responding to the Crisis of Childhood” (Respondendo à crise da infância).

A Fundação britânica manifesta preocupação com as atuais vidas mediáticas de crianças e jovens, e com o seu reflexo “no bem-estar mental, no envolvimento com a sociedade e a cultura, e na formação de valores” desta geração.

A campanha tem por base um relatório da Ofcom (a entidade reguladora dos media britânicos) que deu conta da nova tendência de visualização de conteúdos pelo público infantil, marcada pelo abandono “significativo” dos canais lineares de serviço público e a adesão massiva a plataformas online, como o YouTube ou o TikTok.

Reconhecendo a existência de alguns conteúdos de qualidade nestas plataformas, a CMF está apreensiva com o facto de elas não terem a preocupação, nem serem obrigadas a fornecer conteúdos de serviço público com importância cultural para crianças e jovens. Pelo contrário. Segundo a CMF, tais plataformas levam a audiência infantojuvenil a consumir, cada vez mais, quer produtos inapropriados para ela em termos de idade, quer conteúdos genéricos ou focados na realidade americana, em vez de programas centrados nas necessidades de uma audiência britânica.

“Acreditamos que o declínio na disponibilidade e descoberta de conteúdos culturalmente relevantes para os jovens tem impacto na sua identidade individual e na sua identidade como britânicos e contribui para uma sensação de isolamento com níveis crescentes de ansiedade e desafios de saúde mental”, lê-se no texto da campanha.

A Fundação pretende que os políticos estejam alerta para estas mudanças no consumo mediático das gerações mais novas e tomem medidas, reavaliando, entre outras propostas, o financiamento e a oferta de conteúdos de serviço público para os jovens no Reino Unido.

O texto da campanha, acompanhado de uma lista de sugestões e de um abaixo-assinado, pode ser lido aqui: https://www.thechildrensmediafoundation.org/responding-to-the-crisis-of-childhood/campaign-document